Passos da Paixão de Cristo em Congonhas-MG

                         

     Congonhas, em Minas Gerais, tem uma importância muito grande na obra de Aleijadinho. Lá foi feito o seu primeiro trabalho em pedra sabão, o frontispício da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, quando seu pai foi contratado para fazer a arquitetura do altar mor da igreja e as obras do Santuário do Bom Jesus do Matozinhos. Primeiro as esculturas dos Passos da Paixão de Cristo, e depois os Doze Profetas.
     Estas duas últimas o colocaram como um dos maiores nomes da arte barroca no mundo ocidental, se não o maior.
     Nas seis capelas do adro do santuário, estão 66 figuras em tamanho natural esculpidas em cedro rosa, entre 1796 e 1799, por Antonio Francisco Lisboa e auxiliares do seu ateliê. Nelas estão representadas sete passagens do caminho da Paixão de Cristo, da Santa Ceia a Crucificação.
     Estudiosos garantem que as imagens de Cristo e toda a Santa Ceia, além da de Pedro no momento da prisão, foram executadas pelo mestre barroco.
     A ideia liberal dos inconfidentes também existia em Aleijadinho. E, para alguns, a marca de corda no pescoço de Jesus no Passo da Subida do Calvário simboliza Tiradentes, que foi enforcado por fazer parte do grupo de inconfidentes que queria a independência de Minas Gerais do resto do Brasil colônia.
     A etapa de pintura das imagens e dos murais das capelas foram realizadas, as três primeiras, pelos mestres da pintura barroca Manoel da costa Ataíde e, as outras três, por Francisco Xavier Carneiro.
     A primeira capela, a do Passo da Ceia, foi erguida ainda no tempo de Aleijadinho. Mas a finalização da construção das seis capelas só aconteceu em 1875.
     Em 1939 o conjunto, Passos da Paixão e Os Doze Profetas, é tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e em 1985 passa a ser Patrimônio Mundial da Unesco.
     Abaixo uma explicação de cada etapa dos Passos da Paixão de Cristo extraído do livro "Aleijadinho Passos e Profetas", de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira .

                                                                                         Passo da Ceia
     Passo da Ceia, situado na parte ascendente ao Santuário do Bom Jesus, inaugura a série de estações da Via Crucis de Congonhas. Capela merece referência especial por tratar-se da mais antiga do conjunto e a única a ser construída durante a estada de Aleijadinho em Congonhas, possivelmente sob sua orientação. As imagens do Passo da Ceia são um autêntico drama teatral, conforme a tradição barroca. Diante da palavra acusadora de Cristo “Em verdade vos digo, um de vós me há de entregar”, os apóstolos, completamente transtornados, voltam-se bruscamente para Ele, indignam-se e enfatizam sua inocência, com largos gestos de mão e de todo o corpo.

                                                                            PASSO DO HORTO
     Ao lado esquerdo da rampa encontra-se a Capela do Passo do Horto, cuja construção situa-se ente 1813 e 1818. A Capela do Horto em comparação com a Capela da Ceia revela uma grande reformulação em seu estilo arquitetônico original, destinada, sem dúvida, a modernizar as capelas, de acordo com as novas concepções de estética no início do Século XIX. Esse Passo representa o tema de agonia no Jardim das Oliveiras, marco inicial da Paixão relatada pelos evangelistas Lucas, Marcos e Mateus.
                                                                          PASSO DA PRISÃO
     A Capela do Passo da Prisão, construída contemporaneamente à do Passo do Horto, apresenta características bem próximas. O tema iconográfico da prisão no Horto é representado em um de seus episódios mais populares, o milagre da cura de Malco. Oito personagens compõem esse grupo da Prisão: Pedro, Malco, Judas e quatro soldados. Num gesto instintivo de defesa, Pedro derruba um dos guardas que tentava se aproximar do Mestre e decepa-lhe a orelha com a espada. Cristo, mansamente, ordena a Pedro que reponha a arma na bainha e avança em direção à vítima para curá-la. Neste grupo nota-se já uma intensa intervenção do “Atelier” (os auxiliares de Aleijadinho). Apenas as imagens de Cristo e Pedro podem ser consideradas inteiramente esculpidas por Aleijadinho.
                                            PASSO DA FLAGELAÇÃO E COROAÇÃO DE ESPINHOS
     Inexplicavelmente, após a conclusão das capelas do Horto e da Prisão, as obras dos Passos ficaram paralisadas durante quase meio século. A Capela da Flagelação e Coroação de Espinhos só começou a ser construída em 1864. Foi decidida nessa mesma época a edificação de apenas seis capelas em vez das sete inicialmente previstas. Essa decisão provocou o congestionamento deste quarto Passo, pois o espaço é pequeno para abrigar simultaneamente os dois grupos de imagens. No interior da capela ambas as cenas são independentes, separadas uma da outra por uma barra de madeira. Existe a impressão de desordem e confusão, causada pela falta de espaço.
                                                               PASSO DA SUBIDA DO CALVÁRIO
     Já defrontando a esplanada que antecede a escadaria do Templo, encontra-se a penúltima capela que abriga o Passo da Subida ao Calvário ou Cruz-às-Costas, segundo denominação popular. Foi construída entre 1867 e 1875. Aleijadinho escolheu para ilustrar o caminho de Cristo para o Calvário, o episódio do “Encontro com as Filhas de Jerusalém”, relatado por São Lucas, Cap. 23, v. 27, 28. “
     E seguia-o uma grande multidão de povo e mulheres, as quais batiam no peito e lamentavam.
Mas Jesus, voltando-se para elas, disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, mas chorais sobre vós mesmas e sobre vossos filhos”.

                                                                                       PASSO DA CRUCIFICAÇÃO
     O Passo da Crucificação e da Subida ao Calvário apresentam características arquitetônicas semelhantes. As onze imagens que formam o grupo da Crucificação, ao contrário do que se verifica nos outros Passos, não se acham subordinadas a um único foco de interesse. A composição é dividida em três partes distintas. A zona central onde se passa a ação principal é ocupada pela figura de Cristo, de dois carrascos que o pregam na cruz, estendida na posição horizontal e de Madalena, que de joelhos, lança seu olhar para o alto em desesperada súplica. À esquerda de Cristo, dois soldados disputam num jogo de dados a túnica do condenado. E como terceiro foco de atenção, aparece ao lado direito de Cristo, Gestas, o mau ladrão e o bom ladrão, esperando com as mãos atadas, o momento de serem também crucificados.





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