Cordeiro iluminou o carnaval da região






Carnaval 2008/ Este ano não foi igual aos outros que passaram: Foi bem melhor!

Opinião quase unânime que o carnaval de Cordeiro foi o melhor de todos os tempos. Em alto estilo as escolas de samba da cidade mostraram qualidade profissional. O fato de o ano passado não ter acontecido os desfiles das escolas, em decorrência das chuvas, este ano as três agremiações vieram com força total.
A Imperatriz do São Manoel, Mocidade Independente de Cordeiro e a Unidos do Rodolfo mostraram brilho, luxo, alegria, animação e muito samba no pé.
O carnaval 2008 começou com a entrega da chave da cidade pelo Prefeito Joaquim Tavares ao Rei Momo Luiz Amaro, que junto com a Rainha do carnaval Cordeirense Rafaela Martins, decretou o início da festa de Momo. O bloco Grupo Jovens de Ontem abriu os desfiles carnavalescos. A alegria tomou conta da avenida com o bloco das Piranhas que sempre trás a irreverência do folião. Ainda no primeiro dia a Banda Álibi embalou aqueles que gostam de aproveitar todos os momentos do carnaval.
Os blocos desfilaram no sábado e na segunda-feira.

Os blocos “Uai To Ai”, “Fluminense”, “Bebe Bebe Javali”, “Onga Bonga” (com o enredo Bofe de Elite e mostrando ao público o substituto do insubstituível Chico Doido, Paulinho) e “Kamaleão” desfilaram com muita empolgação culminando com a batida forte do bloco “Olodum G” que veio homenageando o folclórico pandeirista Bahia.
A Banda Premier fechou o sábado de carnaval com muita alegria.
Na segunda feira o Bloco-Zão fez a abertura do desfile com simplicidade emocionando o público na avenida. Depois o bloco Terremoto veio tremendo a avenida (sic). O do Flamengo veio mostrar por que a torcida rubro negra é a maior do Brasil. Fechando a noite os Amigos do Rodolfo. O tradicional bloco da Orquestra Fraca infelizmente não apareceu na avenida. E encerrando a noite a Banda Stratégia. Nas noites de domingo o Show foi com a Banda Via Brasil e na terça-feira baile com Los Gringos.

Quem é Roberto da Conceição Bahia?
No último dia de Reis, seis de janeiro, ele completou 70 anos. Anos de alegria, de carisma e muito trabalho. Nasceu em Caieiras, na Fazenda Santa Clara.
Homem trabalhador e amigo de todos, até mesmo daquelas pessoas que ele ainda não conheceu... Sim senhor!
Como sambista é um excelente pandeirista com ritmo e malabarismo. Bahia é a personificação da alegria... Sim senhor!
O samba do Olodum bem define quem é Bahia, com letra de Nego Roger e Verão, interpretada por Erick Ribeiro João Gabriel e Elvis.
“Salve alegria/ que meu Olodum irradia toda poesia/ Para falar de Roberto da Conceição Bahia. Lá do bom sucesso da caieira/ Dançava nos bailes nas latadas/ Coberturas com folhas bananeiras. Pessoa que tem carinho e amor/ Transborda toda amizade por toda cidade/ Homem trabalhador. Lá vem Bahia fazendo batuque com pandeiros/ Quem não conhece o malabarista/ Não conhece Cordeiro/ Filho de família grande/ Pai de Grande família/ Santa Clara clareou!!! Bahia, Bahia, Bahia, Bahia/ Do meu Olodum G/ Bahia, Bahia, Bahia, Bahia/ Fazendo o batuque pra você”.

Escolas de Samba mostram que o carnaval de Cordeiro é o melhor da região
O domingo começou com o tempo chuvoso tentando tirar o brilho da festa, mas os foliões mirins (os grandões também), não deram bola ao clima e se divertiram na matinê e no banho de espuma que já faz parte da tradição cordeirense acompanhado do show da Banda Via Brasil.
A noite era das escolas de samba, a chuva continuava a cair devagar, com pausas satisfatórias, fazendo com que a apreensão tomasse conta de todos. A Imperatriz do São Manoel foi a primeira a vir para a avenida, com o enredo “Acreditar, desafiar o limite do homem, na arte de sonhar com a criação e na arte de criar seu sonho”, de autoria de Rodrigo Torin. O samba com letra de César Brazinha e música de Nego Roger.
O enredo retrata o sonho do homem pela criação, com todas as possibilidades de descobertas e invenções desafiando seu próprio limite. Dos alquimistas na busca da vida eterna, do sonho de voar de Ícaro, passando pelo Dr. Franknstein, o DNA e a clonagem humana. E encerrou com a praga do século XXI: o aquecimento global! Que diretamente afetou a escola com a destruição de seu barracão na enchente do ano passado mas que eles deram a volta por cima.. E vai depender do homem sonhar com a transformação para o mundo melhorar.
Como sempre a São Manoel impressionou com a luz e alegria de suas alegorias, a comunicação com o público e isto a faz ter a simpatia popular.

Acreditar, desafiar o limite do homem, na arte de sonhar com a criação e na arte de criar seu sonho.

Letra: César Brasinha
Musica: Nego Roger
Intérpretes: Munis Melodia e Roberto Batata
Cavacos: Jardel e Mardim
Enredo: Rodrigo Torin

A bordo de um sonho iluminado
Voa pelo tempo este enredo imperial
Nos sonhos de cera do homem alado
A realidade do aquecimento global
Na magia da alquimia
Transforma o pranto em alegria
É a nossa coroa, a pedra filosofal.
Onde a fonte da juventude se anuncia
Na fantasia de mais um carnaval

De vermelho e branco viajei
Por outros planetas, era ficção
Ate a lua eu cheguei
Da criação do sonho fez-se a criação

E quando o sonho sem consciência
Vira ciência por conseqüência
Sofre a mãe terra muito mais
E o ser humano, tão desumano cria guerra
Pra depois sonhar com a paz
Continua a cientifica viagem
E no processo da clonagem grande temor

Assim como num longa metragem
Um simples personagem
Se transforma em criador
Então o homem será qualquer produto
E não mais produto do divino amor

De onde venho, quem sou eu?
O DNA mostra a raiz
Sou o amor que se fortaleceu
No vermelho e branco da IMPERATRIZ.



A chuva apertou um pouco no início do desfile da Mocidade Independente de Cordeiro, mas nada que estragasse o brilho e o luxo da escola. A chuva parece que dava energia aos componentes. O enredo “50 anos de emoções. Um sonho de Anízio... Uma realidade de ouro...” de Walcira Neves (a eterna Pierrô, que neste ano completou 64 anos de carnaval em Cordeiro), homenageou aquele que plantou a semente do que é hoje a GRESMIC: o eterno mestre Anízio.
Natural da cidade do Rio de Janeiro, membro da bateria da Mocidade Independente e morador de Padre Miguel, ele trouxe o estilo de bateria de escola de samba para Cordeiro e região. Falecido o ano passado, ele há 50 anos completados no último dia 8 de fevereiro, deu a idéia de se fundar uma escola de samba em Cordeiro (antes a escola seria o bloco Unidos do Posto e somente em 25 de abril de 1975 ela se tornaria a Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Cordeiro).
A escola veio falando das emoções: alegria, tristeza, raiva. O carnavalesco Maurício Góes descarregou no enredo tudo aquilo que Anízio vivenciou na vida jogando futebol, a alegria de seus torcedores e tristeza de seus adversários. A escola convidou o seu eterno mestre a descer do céu e reger como uma orquestra a sua bateria: “Vem mestre Anízio/ Ergue a sua batuta de ouro/ Liberta a emoção que arrepia/ Desce minha estrela encantada/ E vem comandar a nossa bateria” bem definiram os compositores Leandro Ornelas e Ricardo Vieira.* (Infelizmente um susto tirou Ricardo da avenida neste ano, a sua ausência foi muito sentida por todos e sabemos que no ano que vem ele estará novamente interpretando seu samba na Mocidade de Cordeiro, muita saúde e paz!).
Como que em um encanto angelical a chuva diminui dando um brilho especial a escola na avenida. O suor das pessoas que empurravam os carros, um deles com o eixo quebrado, mas o esforço fez com que ninguém percebesse o problema.

“50 anos de emoções. Um sonho de Anízio... uma realidade de ouro...”

De peito aberto e coração acelerado
A Mocidade hoje é pura emoção
Como na estréia, sente o frio na barriga
Ma vem brindar uma relação antiga:
Meio século de samba e paixão
Entre razões e vibrações
O importante é fazer valer à pena
A mesma lágrima que brota da tristeza pode irrigar o solo de alegria plena

Azul e Branco eu sou
Desde o dia em que nasci
“Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi”

Como diria o poeta:
“Viver é não ter a vergonha de ser feliz”
Saudade é pra sentir; medo é pra fugir
Vergonha é pra fingir; amor é pra curtir...
Só existe harmonia
Se corpo e alma estão em sintonia
Sente a Mocidade em sua vida
Veste azul e branco na avenida

Vem Mestre Anízio
Ergue a batuta de ouro
Liberta a emoção que arrepia
Desce minha estrela encantada
E vem comandar a nossa bateria



A Unidos do Rodolfo veio interpretar a Paz. Com o enredo “Lindo Verde da Esperança, Símbolo Branco da Paz”, de autoria de Alessandro Concencio e José Amaro Mansur, com letra de Cezar Brazinha e música de Nego Roger e Dudu do Pagode. Antecedendo a comemoração de seus 30 anos que se fará no próximo mês de agosto a GRESUR veio falando da paz que simboliza o aperto de mão de sua bandeira. Do homem simples que se transforma em guerreiro e que não desiste jamais. Falou de nossos heróis: Zumbi, Gandhi (que veio muito bem representado na bateria), Santos Dumont, Airton Senna. Da confraternização das raças nos jogos olímpicos e da China com toda a sua sabedoria milenar. Acreditando que o amor vai triunfar convidou o povo a sair com o Rodolfo de samba no pé... “Rodolfo é samba no pé/ A festa é de quem vier/ Vestido de esperança e paz/ Verde e branco é para quem é/ Mostrando a força e a fé/ Há trinta carnavais”. A escola homenageou o fundador Manoel Brasil com sua foto no símbolo da escola neste ano, veio junto dos personagens citados e de muitos outros símbolos.
A escola iniciou o enredo partindo do princípio de vir de pé no chão, como em 79, primeiro ano da escola, este era o desejo do Presidente Leandro da auto-escola, mas os carnavalescos deram um toque de efeito e beleza, sem tirar o desejo de garra na avenida. E como sempre a escola veio com muita raça no sangue e no pé.


Presidente : Leandro José Monteiro da Silva
Vice-presidente: Achiles Antonio Oliveira da Silva

Carnavalescos e autores:
Allessandro Concencio e José Amaro Mansur
Compositores: César Brazinha, Nega Roger e Dudu do Pagode

“Lindo verde da esperança, Símbolo branco da PAZ”

Vem das mãos entrelaçadas
A força do desejo de lutar pela paz
Fortalecido no olhar iluminado
Nos homens de bem simples mortais
Que transformados em incríveis guerreiros
Guardiões brasileiros
Não desistem jamais
Índios, bancos e negros
Nobre miscigenação
Proclamando a união
Na voz que ecoa e ressoa
Em cada pessoa muito mais

Gresur, Zumbi, Senna, Gandhi, Sabedoria
De verde e branco embalados pelo amor
Vivendo a cada dia com muita alegria
Assim que manda o criador

É acessa a chama do esporte
De forte refungência
No oriente os anéis dos continentes
Mãos irmanadas contra a violência
E na essência a sabedoria milenar
Pela terra, céu e mar

Rodolfo é samba no pé
A festa é de quem vier
Vestido de esperança e paz
Verde branco é pra quem é
Mostrando a força e a fé
Há trinta carnavais



Presidentes das escolas


Cada uma das escolas de samba teve durante o ano vários problemas a serem resolvidos para poderem trazer as escolas à avenida. Os estragos deixados na cidade há um ano inviabilizando um investimento para a realização de desfiles carnavalescos e mesmo a perda do barracão e de boa parte do patrimônio das escolas de samba Imperatriz do São Manoel e da Mocidade Independente, não permitiram que o carnaval fosse completo o ano passado.
Mas apesar de tudo este ano elas vieram com força total, e isto se deve aos esforços dos presidentes a frente de suas escolas. A Imperatriz do São Manoel, com o presidente Emanuel Estebanez, teve um ano de 2007 de reestruturação. O barracão da escola foi destruído com as enchentes e mais de dois terços de seu patrimônio foi perdido. Durante o ano houve vários eventos como bingos e rifas para recuperar parte do que havia perdido. E o que mais ajuda o Emanuel é a união com a comunidade nestes eventos, onde ela sempre participa. Foi um ano de luta, mas que valeu a pena. Os três carros alegóricos são novos, com a reconstrução da Travessa João Miranda o barracão ficou protegido.
Para Gilbertinho Salomão o ano passado não foi menos diferente, a escola por não ter um barracão onde poderia guardar seus carros e algumas fantasias, plumas e alegorias, também teve parte de seus materiais, como plumagem, tecidos e alegorias, destruídos na enchente, e seus carros alegóricos quebrados por não ter como guardá-los. “Com isto a escola perdeu parte do que seria investido, para repor o que havia perdido. A falta de um espaço próprio é um dos maiores problemas da escola, mas que espera da ajuda do poder público para solucionar este problema, sem querer levar para o lado político, pois independente de quem estiver como prefeito, esta será sempre a nossa reivindicação”, afirma Gilbertinho.
E vem a calhar à idéia do presidente da Unidos do Rodolfo, Leandro José Monteiro de Carvalho, da Auto Escola do Tião, que diz: “havendo um espaço para a criação de três barracões, cada uma das escolas, além de fazer os carros, alegorias e fantasias, pode estar ensinando a quem quiser aprender. Podendo haver cursos regulares de tudo ligado ao carnaval, o ano inteiro. Cordeiro tem ótimos profissionais que podem estar ensinando. E estes barracões poderia servir de ponto turístico, como funciona a Cidade do Samba no Rio de Janeiro, sem querer ser pretensioso. A quadra tem a sua vida dentro da comunidade é diferente. E pensando em escola de samba como empresa, Leandro está querendo, estando a frente da Unidos do Rodolfo, investir na quadra da escola, com atividades que poderá ser quinzenal, ou até mesmo diária, com transmissão de jogos do Campeonato Brasileiro e tudo.


Quem foi Anízio
Como define o cunhado e parceiro Walace, “Anízio foi um livro aberto!”. Isto por ter sido amigo de todos, jogador de futebol, sambista, um boa pinta para uma Cordeiro dos anos 50. Veio para jogar no Cordeiro Futebol Clube, um dos maiores talentos do futebol brasileiro sem exagero, vindo do bairro de Padre Miguel, no Rio de Janeiro.
Em 1958 ao fazer uma batucada em um bar no centro da cidade, teve a idéia, em conversa com o mesmo Walace, em fazer uma escola de samba, mais precisamente uma bateria e o que veio a se tornar a semente do que é hoje a GRESMIC. O próprio nome Mocidade Independente de Cordeiro é em homenagem a sua escola de coração, a Mocidade Independente de Padre Miguel. E ser independente era seu lema. Tanto que preferiu ficar em Cordeiro a se profissionalizar no futebol. Veio, jogou, batucou e aqui casou. Fez sua vida como funcionário do Posto de Monta e jogador, primeiro do Cordeiro, depois jogou em equipes de Bom Jardim, Friburgo até vir para a equipe do Posto de Monta, tornando-se funcionário do estado.
Como sambista ensinou o que é uma escola de samba à região. Formou os principais mestres, ajudando na organização de baterias em Bom Jardim, Cantagalo, Macuco, Madalena sem contar Cordeiro.


Opinião de quem fez e viu o carnaval

O carnaval deste ano em Cordeiro pode ser considerado o melhor carnaval de todos os tempos na região. O nível das escolas de samba e a própria infra-estrutura montada coloca a cidade como referência carnavalesca na região. Segundo opinião de quem convive neste clima, como o radialista Nilson Leão que afirma que, “o carnaval de Cordeiro melhorou muito, principalmente em relação a Cantagalo. Muitas pessoas deixaram de viajar em função das chuvas e ficaram para prestigiar o carnaval da cidade. Cordeiro pode perder apenas para o luxo de Santa Maria Madalena, pois os destaques investem em suas fantasias, mas no resto Cordeiro faz o melhor do carnaval”.
Os carnavalescos Ronaldo Rosa e Rodrigo Torin são unânimes em afirmar que as suas escolas de samba fizeram o melhor que cada uma delas poderia fazer, e elogiaram o carnaval como um todo. Para o carnavalesco da Imperatriz do São Manoel, “o carnaval de Cordeiro cresceu muito e tem três escolas de samba de alto nível. O nosso carnaval ficou muito bom com bastante brilho e efeito e quem ganha com isto é o público”, enfatiza Rodrigo.
Já Ronaldo Rosa da Mocidade Independente elogia a estrutura montada para a festa, desde os shows até o som e transito, mas critica as falhas na segurança e blocos, “os blocos estavam muito desorganizados, meio terra de ninguém”.
Uma coisa foi unânime neste carnaval, a demora para começar os desfiles e o atraso entre uma escola e outra. Muitas pessoas foram embora antes do término dos desfiles e este terminava sempre próximo às 4 horas da manhã. Um absurdo era a opinião geral. Mas como toda unanimidade é burra isto serviu para não sermos unânimes em afirmar que o carnaval foi 100% ótimo, mas que sirva de aprendizado para os próximos carnavais.

No sábado tiveram início os desfiles dos blocos. Não são simples coadjuvantes, os blocos carnavalescos são atrações especiais nesta festa. Não tem o luxo, as alegorias e o charme das escolas de samba, mas alegria e animação não faltam. Em Cordeiro predomina os blocos de sujo, onde os participantes com fantasias improvisadas ou com a própria roupa, identificando-se por uma camiseta, desfilam pela avenida. Pode-se dizer que o Bloco-Zão, do Dois Valos, Onga Bonga e o Olodum sejam os únicos blocos que se aproximam dos blocos de enredo, onde os participantes se fantasiam conforme um tema e se formam em torno de um nome sem a preocupação de arrumar alas ou mostrar alegoria.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Passos da Paixão de Cristo em Congonhas-MG

Os Doze Profetas de Aleijadinho

148 anos do início do povoado de Cordeiro