Papa Francisco um missionário da humildade

    Papa Francisco um missionário da humildade 

                                                                                                                                                                                    julho de 2013






    Em fevereiro, o mundo se espantou com a notícia de que o Papa Bento XVI renunciaria a sua função. No mês de março, dia 13, o mundo se espantaria novamente com a eleição do arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mário Bergoglio, como o novo Papa. Do espanto veio à esperança de um novo momento no mundo católico, com um homem que mostrou humildade já em sua primeira aparição.
    Não foi uma aparição glamorosa e ostentadora. Mas, sim, de um ser emanando luz e confiança, como a figura de um pai. Pai humilde e firme, que tem o dever de restaurar a fé humilde dos seguidores de Cristo e Pedro, tido como o primeiro Papa da igreja católica, e por fim a escândalos envolvendo a cúpula do vaticano.
    A renúncia de Bento XVI foi creditada a saúde precária do, agora, Papa Emérito. Mas outros fatores como escândalos financeiros e sexuais, que eram escondidos para não macular a imagem do vaticano, envolvendo o então Secretário de Estado Tarcísio Bertone, foram importantes para tal decisão.
    Ao adotar o nome de Francisco, por sugestão do arcebispo emérito de São Paulo Cláudio Hummes, o ex-Jorge quer colocar a humildade à frente de seu papado. E como São Francisco de Assis, que abdicou dos bens da família para abraçar o cristianismo, o agora Papa Francisco abdicou da ostentação papal, do anel e da cruz de ouro, por sua vestimenta e anel mais simples, mantendo seu crucifixo de ferro.
    Em uma de suas primeiras homílias já como Papa, ele disse querer uma nova igreja, “uma igreja pobre e para os pobres”. Outra fala do novo papa é que “O verdadeiro poder de uma liderança religiosa vem de seus serviços. Quando deixa de seguir, o religioso se transforma em um mero gestor, em um agente de ONG (Organização Não Governamental). O líder religioso compartilha, sofre, serve a seus irmãos”.

    São Francisco de Assis – Nascido em 1182, São Francisco era filho de um rico comerciante e tinha uma vida burguesa. Na sua juventude vivia em festas e boemias. Como era comum na sua época, Francisco participou de duas guerras, o que dava status aos jovens que nelas participavam e as suas famílias. Ficando doente na última guerra que participou, acamado refletiu sobre o que viveu. Viu pessoas miseráveis e sem proteção, percebendo a vida vazia que vivia, o fez mudar de comportamento.

    Incompreendido pelo pai e por toda a sociedade, mas decidido, deixou a vida luxuosa para se dedicar a Deus. Após brigar com o pai se despiu das roupas ricas e passou a viver com roupas simples, verdadeiros trapos.

   Em 1206, ao ver um crucifixo de São Damião, com cristo de cabeça erguida, ouviu uma mensagem: “Francisco, vai e restaure a igreja”. Entendendo no sentido literal da palavra, passa a trabalhar como pedreiro, reconstruindo igrejas em ruínas no interior da Itália

A procura de Deus, sempre que podia ficava sozinho meditando, quando percebe que a mudança teria que partir de dentro dele mesmo. Assim, cuidou de doentes, principalmente leprosos, escreveu sobre os seus pensamentos e convenceu seus amigos da importância da vida que escolhera. Foi rigoroso consigo mesmo por se sentir um pecador.

    Em 1208, todo sujo e maltrapilho, levou seus princípios ao Papa Inocêncio III, que o comparou a um porco e o mandou pregar aos porcos. Seguiu a risca a ordem, pregando junto aos animais. Impressionado com a sua atitude o Papa aprova a ordem Franciscana em 1209.
    O Papa Francisco tem os princípios do santo como lema, não ao ponto de pregar para os animais, mas de“reconstruir” a igreja e ir até seu povo mais humilde, até os seus fieis. Antes da páscoa, o Papa disse há mais de 1.600 párocos que “o sacerdote tem que ser um pastor com o cheiro de suas ovelhas".
   Em 2007, Bergoglio assinou a mensagem da Vª Conferência do Episcopado Latino Americano e do Caribe, que dizia entre outras coisas: “Não mais esperar que o povo vá a igreja, mas levar a igreja até o povo”.
    O Bispo de Roma, como gosta de ser chamado, tem a vida como testemunho. Mesmo sendo arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio pegava ônibus para ir à favela 21, no subúrbio da capital argentina, participar das atividades da paróquia local. Andava sozinho e conversava com o povo.
Francisco quer voltar os olhos para o início do cristianismo, com o foco nas pessoas humildes, pobres e necessitadas, longe da ostentação e arrogância da Idade Média que ainda é visto em algumas atitudes da igreja e de alguns fieis.
    Primeiro Papa latino americano, primeiro Papa jesuíta, a ordem criada por Francisco Xavier e Inácio de Loyola que foi reconhecida em 1540 para levar o evangelho para todos fora da Europa, chegando ao Brasil em 1549. Os jesuítas têm como base a disciplina, a educação e o ímpeto missionário.
    A ordem jesuíta foi hostilizada no mundo quando passou a fazer severas críticas aos interesses dos poderosos. Do Brasil foram expulsos, considerados empecilhos para o desenvolvimento da colônia ao condenarem a escravidão indígena.
    Agora, a “nova evangelização” vai partir de um latino americano, com o nome de batismo Jorge, que terá que ter a proteção de Deus, a humildade de Francisco de Assis e  a garra de seu xará São Jorge guerreiro, que foi mártir por não combater os cristãos a mando do Império Romano. O Papa Francisco vai ter que combater a barreira imposta aos verdadeiros cristãos colocados à margem pela fé arrogante, mas que nunca perderam a fé em Cristo, para restaurar a igreja.

   “Precisamos sair de nós mesmos e seguir para a periferia. Precisamos evitar a doença espiritual de uma igreja encerrada em seu próprio mundo.”              

Papa Francisco em entrevista ao jornal “La Stampa”, ainda cardeal em 2012 

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