A tragédia do Bumba, de Nova Friburgo, de Teresópolis e de Petrópolis, em Itaipava, pode acontecer em qualquer lugar, inclusive aqui

No sábado, dia 15 de Janeiro, no já denominado Bairro Alto do Retiro, em Cordeiro, aconteceu um deslizamento de terra, com mais de 100 metros de extensão e com quatro de largura, deixando exposta a pedra abaixo da camada de terra, o que mostra a possibilidade de ali acontecer o mesmo que estamos nos habituando a ver desde 2009 pelo Brasil.

Sem contar pelo mundo. E neste dia foram 40 minutos de chuvas fortes, com 33mm de chuva. O que será que pode acontecer em casos de chuvas mais fortes e com duração prolongada.

Nada comparado a o que aconteceu nas cidades de Nova Friburgo, Teresóplois e Petrópolis, na madrugada do dia 12 de Janeiro. Mas não deixa de ser um alerta para o que pode acontecer no futuro.

Um alerta em todos os sentidos. Desde o que é feito como prevenção, até quanto às consequências caso ocorra, aqui, algo parecido.

Esta tragédia que contou, principalmente, com as forças da natureza, mostrando sua cara selvagem, mas também teve a participação do homem que ocupa, cada vez mais, áreas de risco. Áreas que não foram feitas para se morar. E toda intervenção humana mexe com as leis naturais, que age em auto  defesa expulsando seus invasores.

E quem tem culpa nestas invasões? Será o chefe de família que procura um teto para sua família, ou do poder público, que em vez de coibir tal fato, acaba estimulando-os, visando retorno eleitoreiro com promessas de legalização destas áreas de preservação permanentes, em lotes residências.

O que é Área de Preservação Permanente (APP)? 

As Áreas de Preservação Permanente são áreas de grande importância ecológica, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. Como exemplo de APP estão as áreas de mananciais, as encostas com mais de 45 graus de declividade, os manguezais e as matas ciliares. Essas áreas são protegidas pela Lei Federal nº 4.771/65 (alterados pela Lei Federal nº 7.803/89).

Em Cordeiro as invasões começaram em 1991, nesta área que pertence a CEHAB-RJ (Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro), e contou com o estímulo e omissão de políticos. Ou seriam politiqueiros. Para estes a vida humana não passa de um voto em épocas de eleições, e depois são descartados como não significassem nada.

O "Bairro" Alto do Retiro conta hoje com estrutura de água, luz, calçamento e seus moradores esperam a tão prometida escritura de posse, feitas pelos abutres da politicagem. 

A CEHAB-RJ foi criada em 1962, com o objetivo, principal, de acabar com as favelas, financiando moradias a classes baixas, dando oportunidade a estes de possuírem suas casas.Mas ali querem oficializar uma favelização, dando posses aos lotes feitos clandestinamente.

Na segunda metade da década de 1980, foi construído pela CEHAB, o bairro Retiro Poético, e posteriormente o Retiro Poético II, financiando a compra de casas populares, e uma área de 611mil m², não recebeu construções por ser uma APP. Recentemente, um laudo técnico assinado pelo engenheiro da CEHAB, Romeu Braune Guedes, com data de 4 de maio de 2008, avalia ser esta área inviável técnico e financeiramente, para a construção de núcleos habitacionais.  Além de alertar sobre a necessidade de remoção das casas construídas nas áreas de situação de risco.

E quais mediadas foram tomadas? Oficialmente, o poder público apenas diz não ter a responsabilidade nas áreas invadidas, pelo terreno pertencer a CEHAB. Mas esquecem que em campanhas eleitorais, fazem comícios prometendo a legalização de lotes, abraçam, apertam as mãos e depois de eleitos tentam se eximir da responsabilidade de administradores do bem estar de toda uma população.

Mas mesmo pertencendo a CEHAB, fazem curvas de nível em uma área, provocando erosão no solo, levando lama para a parte baixa do terreno, destruindo vários terrenos e enchendo de lama casas, e abalando as estruturas de outras.

"Terrenos" são vendidos, doados, ou trocados por pássaros ou porco. Será este o valor dos maiores bens que uma pessoa deseja: a casa própria e a própria vida?

O governo federal, tem o Programa Minha Casa Minha Vida, em parceria com os estados e municípios, gerido pelo Ministério das Cidades e operacionalizado pela Caixa Econômica Federal, com o objetivo de produzir unidades habitacionais, que depois de concluídas são vendidas às famílias que possuem renda familiar mensal até R$3.900,00, para cidades com porte de Cordeiro. E nada mais justo que o governo municipal se empenhe em solucionar o problema, construindo  casas para a desapropriação desta área de risco, dando moradias dignas de um ser humano viver com segurança.

Quando o homem tem os direitos atendidos, como saúde, educação, e moradia ele é um cidadão. Será que deram a estes educação para que saibam aonde morar? Ofereceram a estes um local adequado para construírem sua moradia?

No "Bairro" Alto do Retiro tem uma bomba a ser detonada ou desativada. Caso ela seja detonada quem estará no poder para ser responsabilizado. Mas caso ela seja desativada, o que todas as pessoas com espírito humanitário desejaria, quem receberá a honra de ter iniciado está desativação?

A civilização cristã culpa Pilatos por ter lavado as mãos e entregado Jesus para ser crucificado. Infelizmente estamos vendo vários Pilatos lavando as mãos, querendo se eximir, mas entregando várias vidas a um futuro incerto. Será este futuro o de possuir uma casa digna, ou uma cova para serem enterrados pela natureza.

Podemos imaginar que estas pessoas que foram estimuladas a ocupar áreas de risco, foram jogadas em guetos a espera de seus destinos, como as minorias, principalmente a judaica, quando foram concentradas na segunda guerra, pelo nazismo, a espera da morte. Esperamos ter um verdadeiro líder  que liberte estas pessoas de um destino incerto.

Na política atual devemos ter não chefes, mas líderes.

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