Rio + 20 # Acampamento Terra Livre





A Rio + 20 não teve o resultado esperado. Os interesses dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, deixou para o futuro as soluções para um planeta sustentável. A crise econômica na Europa e EUA foi uma das desculpas usadas para não se buscar as soluções dos problemas agora, uma vez que demanda investimentos dos países. A ambição econômica foi superior ao desenvolvimento de uma vida sustentável. A preocupação da sociedade com projetos ecológicos e sociais é maior do que as dos governantes. Estes se prendem a teoria de que o progresso do capital está aliado às degradações naturais para justificar suas ações.




Durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio + 20, o que mais chamou a atenção foi a participação indígena e suas reivindicações, no Acampamento Terra Livre. Em um mundo globalizado, com metas sustentáveis, não devíamos ver os índios ainda clamando por seus direitos. Direitos estes garantidos pela constituição brasileira de 1988.
Todas as etnias ali representadas cobram a demarcação de suas terras e o respeito a sua posse. Vemos em quase todas as localidades áreas sendo invadidas por diversos interesses. Madeireiros, fazendeiros, mineradores com o apoio do governo com projetos de usinas hidrelétricas que beneficiarão a extração mineral, e, consequentemente, provocando a degradação e o desrespeito às terras indígenas e suas tradições.
As primeiras demarcações de terras indígenas no Brasil aconteceram depois da Guerra do Paraguai, quando algumas etnias foram recompensadas pela participação no conflito.
No sul da Bahia, na década de 1930, o título de posse foi reconhecido pelo governo federal. Mas na década de 1980, o governo estadual passou a dar posse a estas terras a fazendeiros, provocando o deslocamento de várias aldeias próximas ao litoral. O índio, por sua característica nômade, teve que se concentrar em um único lugar.
O nomadismo indígena se deve a sua natureza, fazendo com que o lugar que ele ocupou, em determinado momento, tenha a recuperação da fauna e flora, fazendo assim o controle ambiental em suas terras.
As comunidades indígenas têm como principal característica a conservação de suas matas e rios, lugar que tiram a sobrevivência de seus povos. Diferente do branco que usa a degradação ambiental como instrumento do progresso, sem a preocupação com a preservação da natureza.
Hoje no Brasil os principais inimigos do índio é o BNDES, que financia a maior parte de seus problemas e o bilionário Eike Batista com seus projetos e negócios na área de mineração.
No Pará a preocupação de muitas aldeias é com a construção da Usina de Belo Monte que vai inundar várias aldeias para a geração de energia, principalmente, na área de extração mineral.
Em muitos estados brasileiros existem crimes de invasões de terra indígenas com o apoio do poder judiciário que dão razão a grileiros e fazendeiros, que invadem as terras indígenas demarcadas.
Hoje os indígenas estão se adaptando as necessidades de seus povos. Muitos estão se formando em cursos superiores com a intenção de defenderem seus povos. Medicina, direito, engenharia, agronomia e formação de professores são as áreas procuradas.
Algumas aldeias têm cursos regulares onde se ensina o português, e idiomas e valores de suas culturas étnicas. Pelo contato errado com o branco, muitas aldeias perderam suas tradições e agora voltam em busca de seus passados.
Hoje o povo indígena está absorvendo alguns costumes do branco, principalmente os ligados a área de comunicação e transporte. Não é difícil ver aldeias com TV, rádio, computadores, motocicletas, e caminhonetes. Uma forma de estarem se informando em coisas de interesses de seus povos, e podendo transitar por suas terras e além delas.
As lideranças indígenas que participaram da Cúpula dos Povos, no Acampamento Terra Livre, mostraram que estão preparados para se defenderem sozinhos. Não é um povo sem liderança que dependia do branco para lutar pelos seus interesses. Antes havia o homem branco que, muitas vezes, passavam por amigos para ludibriá-los. Agora eles se fazem representar por eles mesmos.
Diferente de muitas delegações de países participantes da Rio + 20 que foram ao Rio de Janeiro fazer turismo, eles foram para defenderem os seus interesses, direitos e fazerem as suas reivindicações. Seja ele do sul ou do norte do país, eles têm algo a reivindicar no sentido de preservarem as suas terras demarcadas e a sua cultura. Não querem todo o território brasileiro que os pertencia até a chegada das caravelas portuguesas, querem apenas que os governantes brasileiros respeitem a Constituição da República Federativa do Brasil, assinada em 1988, que diz:
Capítulo VII art. 231I
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo a União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.
Link relativo ao documentário Belo Monte, o anúncio de uma Guerra http://www.youtube.com/watch?v=091GM9g2jGk

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