São Paulo a seus pés



 Texto e fotos José Ricardo Pinto # Ponto de Vista


Àqueles padres jesuítas que venceram a Serra do Mar vindos da Vila de São Vicente, a primeira vila do Brasil, não imaginavam que fundariam o que seria a maior cidade do Brasil e uma das maiores do mundo.
São Paulo de Piratininga deve ser valorizado como ponto turístico comparável as grandes cidades da Europa. História e cultura se misturam moldando a personalidade da cidade.
Visitando São Paulo ao modo dos mochileiros, sem um guia, apenas com um roteiro preparado pelo instinto, uma câmera fotográfica e muita vontade de descobrir locais que ganharam a condição de contar a história desta cidade.
Apesar do tamanho da cidade, os principais pontos estão localizados no centro ou próximos a ele. Prédios, museus, histórias que valorizam qualquer brasileiro.
Começando pelo Pátio do Colégio, local onde tudo começou, e que em 25 de janeiro de 1554, foi realizada a primeira missa pelo padre Manoel da Nóbrega e pelo seminarista José de Anchieta. Em 1556, foram erguidas as instalações da Companhia de Jesus para catequizar os nativos das terras brasileiras. O colégio, a igreja e a residência dos padres.
Ainda hoje tem uma parede desta época feita em taipa de pilão, mostrando a grandiosidade desta obra feita há mais de 400 anos, no local que pertence aos jesuítas, funcionando a igreja, o museu, a biblioteca com milhares de exemplares de livros e vários projetos sociais.
Há poucos metros dali, está erguida a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção de São Paulo, a Catedral da Sé.
O local foi escolhido pelo cacique Tibiriçá, para a construção da primeira matriz da então Vila de São Paulo de Piratininga. Ao ser transformado em sede da Diocese em 1745, nova igreja foi construída em estilo barroco, sendo catedral até 1913, quando iniciou a construção da igreja atual por Dom Duarte Leopoldo e Silva. E inaugurada em 25 de janeiro de 1954, durante o quarto centenário da cidade.
Com projeto arquitetônico de Maximilian Emil Hehl, em estilo eclético abrangendo elementos de diversos estilos predominando o neogótico, inspirado nas antigas catedrais medievais da Europa.
A cúpula tem inspiração renascentista. As colunas internas da catedral são decoradas com temas nacionais ligados a fauna e a flora. As pedras do altar mor são de cores verde e amarela, simbolizando o Brasil, que vieram da Itália. Os vitrais vieram de Ravenna e o mobiliário feito com madeiras nobres brasileiras pelo Liceu de Artes e Ofício.









Na cripta da catedral estão enterrados os restos mortais de vários bispos e arcebispos de São Paulo. Há um ano e meio está na cripta uma réplica do Santo Sudário de Turim, da Itália, disposta a visitação.
Dentre os restos mortais enterrados na cripta estão os do: Padre Bartolomeu Lourenço de Gamão, pai da aeroestação, inventor dos balões e um dos precursores da aviação, nasceu em Santos e faleceu em Toledo, na Espanha; do cacique Martin Afonso Tibiriçá, primeiro indígena catequizado pelo padre José Anchieta; e do Regente Diogo Antonio Feijó, um dos fundadores do Partido Liberal, autor do primeiro compendio filosófico tratando do pensamento Kantiano. Foi contrário a constituição de 1824, que impunha uma monarquia absoluta. Apoiou o fim da escravidão e foi ministro da justiça em um período governado por regentes até a maioridade do imperador.
Tibiriçá não imaginava ao indicar o local para a construção daquela igrejinha feita em taipa de pilão, seria ela hoje esta construção gigantesca e que ele, na sua cripta descansaria imortal. Próximo dali está o Mosteiro de São Bento em um terreno que foi a cabana de Tibiriçá e que em 1598 foi doado aos monges Beneditinos.
O centro de São Paulo fervilha de pessoas e histórias anônimas que se perdem entre passantes. Quase ao lado do mosteiro fica a rua mais famosa de São Paulo na atualidade, a rua 25 de março. Local procurado por lojistas e sacoleiros de todo o Brasil que vem em busca de roupas e objetos de baixo custo e qualidade duvidosa. 










Há poucos metros da 25, fica um dos pontos gastronômicos mais procurados da cidade, o Mercado Municipal. De estilo neoclássico, a sua construção durou de 1928 a 1933, servindo de quartel às forças paulistas durante a Revolução Constitucionalista de 1932.
A arquitetura foi concebida pelo escritório de Ramos Azevedo, os vitrais construídos por Conrado Sorgenicht filho, retratando as várias etapas da produção alimentícia.
Em 2004 passou por uma reforma, quando foi construído um mezanino que abriga vários restaurantes proporcionando ao visitante uma visão ampla do local com seus boxes e produtos diversos. Frutos tradicionais e exóticos, peixarias que abastecem restaurantes da capital, cereais, condimentos, especiarias e muitas outras coisas. Um ponto de atração para paulistanos, paulistas, brasileiros e estrangeiros, muitos atraídos pelo sanduiche de mortadela e pelo pastel de bacalhau.
Dentro do circuito do chamado "centro velho" de São Paulo, fica também o Teatro municipal. Construído entre os anos de 1903 e 1911, depois que o Teatro São José foi destruído por um incêndio, pela firma de Ramos de Azevedo e projeto e desenho de Cláudio e Domiziano Rossi. Em estilo eclético, misturando o Barroco seiscentista, o Renascentista e o Art Nouveau.
Nesta época o Brasil vivia o grande esplendor do café e São Paulo, assim como a nossa região de Cordeiro e Cantagalo, o transporte do ouro verde era feito por via ferroviária. Em São Paulo o café chegava a Estação Júlio Prestes, que foi inaugurada em 1872, vindo do oeste e sudeste paulista e do norte do Paraná. Em 1938 é inaugurada a atual estação, em estilo francês Luis XVI.
Em uma área degradada pelo tempo, no final de 1990, o governo do estado de São Paulo revitalizou o local e criou Sala São Paulo, que passou a ser sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e é considerada hoje pelos especialistas como a casa de concerto de melhor acabamento acústico do mundo.
Próximo dali fica a Estação da Luz. Construída em 1901 com estruturas vindas da Inglaterra, uma réplica em tamanho menor do Big Ben e da Abadia de Westminter, pela Companhia São Paulo Raiway, de origem inglesa. A Estação da Luz foi passagem obrigatória de todos que chegavam a São Paulo vindo da Europa, assim como de todo produto de consumo que chegava a capital paulista, também vindo do exterior.










Anexo a estação está o Museu da língua Portuguesa, inaugurado em 2006, com o objetivo de valorizar e difundir o nosso idioma. Com uma apresentação expressiva que valoriza a virtualidade e a interatividade das pessoas. Os principais objetivos do museu é mostrar a evolução da língua portuguesa e das palavras no decorrer do tempo. As adaptações às outras línguas em anos de influência no cotidiano das pessoas. Lembrando que a língua que não se modifica é uma língua morta. Daí a importância até mesmo das gírias que contribuem para a evolução da palavra.
Atualmente a estação serve a Companhia de Trens Metropolitanos, abrigando também uma estação de metrô próximo dali.
Entre às duas estações fica o que era o barracão da estação Júlio prestes e que de 1940 a 1983, funcionou como sede do Departamento Estadual de Origem Pública e Social de São Paulo (DEOPS-SP), funcionando como Memorial da Resistência. Iniciativa do Governo do estado de São Paulo, através da Secretaria Estadual de Cultura, para preservar a memória de resistência e repressão política no Brasil, desde o início da república no Brasil, até os dias de hoje.
O Memorial está estruturado para fornecer material de pesquisa, a documentação e conservação focando o tema. Com o objetivo de provocar a reflexão e promover a cidadania, aprimorando a democracia e valorizando a cultura aos direitos humanos. Assegurar o debate permanente sobre memória da resistência e repressão política.
Estas são apenas algumas das atrações que o turista de final de semana pode aproveitar em São Paulo. Em São Paulo outras coisas os aguardam em uma cidade que por tradição não para.

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