Che Fotógrafo

O fotógrafo Che Guevara

*Texto José Ricardo Pinto/ Parte integrante da edição impressa do jornal Ponto de Vista




Ernesto Guevara de La Serna teve em seu pai um inspirador para a fotografia, todos os eventos da família eram registrados por ele. Isso em uma época em que fotografar era para poucos, diferente de hoje em que qualquer criança tem uma câmera em seu celular.
Em sua viagem pela América Latina, em 1952, a câmera fotográfica foi sua companheira. Registros humanitários foram feitos, além de descobrir os descasos com a população carente do continente.

Possivelmente a sua condição de revolucionário começou com o que ele se dispôs a registrar em sua câmera e mente. Antes de ser médico ou comandante revolucionário, Che foi fotógrafo.
Pouco tempo antes de conhecer Fidel e Raul Castro, ele fotografava nas praças da Cidade do México e fez a cobertura dos jogos Pan-americanos na capital mexicana, em 1955, como free-lancer da Agência Latina de Notícias, da Argentina.







Em 1959, após a vitória revolucionária cubana, Julio Roberto Caceres, o Aleijado, que foi seu companheiro nas praças da Cidade do México, lhe presenteou com uma velha maleta de couro, com tudo o que um fotógrafo precisa ter: caderno de anotação, livros e revistas e fotografias pessoais. Che a usaria até os últimos dias de sua vida.
Como membro do governo cubano fotografou desde a construção de fábricas pelo país, até suas viagens pelo mundo afora.



O fotógrafo cubano Alberto Kordas, é autor por acaso, da foto mais reproduzida no mundo, retratando Che, no dia 5 de março de 1960, quando acontecia uma homenagem as vítimas de uma explosão de um barco, que matou 85 pessoas, deixando mais de 200 feridas. O líder guerrilheiro aparece por poucos minutos no palanque, tempo suficiente para se fazer dois fotogramas dele. Um deles se tornaria símbolo da rebeldia da juventude e movimentos de esquerda pelo mundo.


Por ironia do destino, esse ferrenho combatente contra o capitalismo americano, chegou a ter essa sua imagem editada com orelhas do Michey Mouse, um dos símbolos do capitalismo americano.



Depois de 30 anos de sua morte, sua ex-esposa, Aleida March, herdou seus documentos e fotos feitas durante a sua vida. A artista plástica, Lesbia Ven Dumois, analisou as fotos e ficou impressionada com a qualidade técnica da obra. Daí foi organizada a primeira exposição do material, com o título de “Che Photographer”, que desde 1990, até 2013, já passou por diversos países. Além de Cuba, Espanha, México, Uruguai, França, Alemanha, Áustria, Itália, Dinamarca China e Rússia receberam esta exposição.
Quando Che Guevara foi morto, em 9 de outubro de 1967, na Bolívia, por soldados do exército boliviano a mando dos EUA, 12 rolos de filmes foram encontrados em seu poder. Uma mostra de que a fotografia o acompanhou até o final da vida!

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 Frase em destaque:
"Não fazemos uma foto apenas com uma câmera. Ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, as músicas que ouvimos, as pessoas que amamos''

Ansel Adams

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